Uma das motivações do executivo é incentivar outros empresários brasileiros a aportar recursos em empresas nascentes de base científica e tecnológica do país (foto: Midori de Lucca/divulgação)

CEO do iFood investe em startup de biotecnologia apoiada pela FAPESP
10 de junho de 2022
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Uma das motivações do executivo é incentivar outros empresários brasileiros a aportar recursos em empresas nascentes de base científica e tecnológica do país

CEO do iFood investe em startup de biotecnologia apoiada pela FAPESP

Uma das motivações do executivo é incentivar outros empresários brasileiros a aportar recursos em empresas nascentes de base científica e tecnológica do país

10 de junho de 2022
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Uma das motivações do executivo é incentivar outros empresários brasileiros a aportar recursos em empresas nascentes de base científica e tecnológica do país (foto: Midori de Lucca/divulgação)

 

Elton Alisson | Agência FAPESP – O CEO do iFood, Fabricio Bloisi, anunciou investimento na Biolinker, uma startup de biologia sintética apoiada pelo Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).

“Invisto em causas em que acredito. Por meio do meu investimento nessa jovem e promissora empresa quero fortalecer a biotecnologia no Brasil”, afirma.

Outra motivação do executivo em investir na deep tech é “puxar a fila”, incentivando outros empresários no Brasil a prestar mais atenção e também a aportar recursos nessas empresas nascentes de base científica que desempenham papel importante em mercados variados e têm em comum a elevada densidade tecnológica de seus produtos e serviços. Entre eles, medicamentos, vacinas e equipamentos hospitalares, implementos para o agronegócio e sistemas aeroespaciais.

“É preciso que as startups de base científica e tecnológica tenham maior investimento no Brasil porque são fortes geradoras de inovação para os atuais e novos setores econômicos. Há instituições no país, como a FAPESP, que apoiam essas empresas, mas é preciso que elas também contem com outras fontes de financiamento privado e maior volume de recursos para ganharem escala”, diz Bloisi.

O executivo, que após concluir a graduação em ciência da computação na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) fundou, em 1998, o Grupo Movile, dona do iFood, Sympla e outras startups, soube do trabalho desenvolvido por pesquisadores da Biolinker na área de biotecnologia sintética por meio de reportagens publicadas na imprensa e quis conhecer a empresa pessoalmente.

“Foi muito interessante ver como o trabalho deles contribui para a descoberta de medicamentos contra o câncer, alimentos mais saudáveis ou a melhoria das colheitas”, afirmou Bloisi.

Fundada em 2018 pela pesquisadora Mona das Neves Oliveira, a Biolinker desenvolveu por meio de projetos apoiados pelo PIPE uma plataforma biotecnológica para descobrir, desenvolver e produzir proteínas inovadoras de alto valor utilizando a maquinaria biológica em um sistema livre de células, ou seja, sem o uso de células vivas.

Por meio de aprimoramentos em etapas da metodologia, os pesquisadores da empresa têm conseguido produzir e purificar proteínas recombinantes de forma acelerada.

“O processo de síntese de proteínas livre de células que desenvolvemos é escalável, o que torna possível a produção comercial de proteínas”, explica Oliveira.

Diversas aplicações

As proteínas recombinantes produzidas pela startup sob demanda têm sido usadas por laboratórios de pesquisa e indústrias para o desenvolvimento de produtos biofarmacêuticos, melhoramento de culturas agrícolas e vigilância de doenças como a COVID-19, entre outras aplicações.

Com o surgimento da pandemia de COVID-19, os pesquisadores da Biolinker viram que a plataforma tecnológica que desenvolveram poderia ser usada para produção de proteínas liofilizadas do SARS-CoV-2, que são importantes para o desenvolvimento de vacinas, novos medicamentos e testes de diagnóstico da doença. Entre essas proteínas estão a do nucleocapsídeo N – a fração antigênica da proteína da superfície do SARS-CoV-2, chamada spike, usada pelo novo coronavírus para se conectar a um receptor nas células humanas, a proteína ACE2, e infectá-las – e a RBD (sigla em inglês de domínio de ligação do receptor), que é a ponta da spike.

Por meio da plataforma, eles desenvolveram no início de 2021, em parceria com Frank Crespilho, professor do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP), um teste popular capaz de detectar anticorpos contra o novo coronavírus em apenas dez minutos (leia mais em: agencia.fapesp.br/35036). Mais recentemente, conseguiram criar um autoteste rápido capaz de detectar todas as variantes do SARS-CoV-2 em circulação (leia mais em: pesquisaparainovacao.fapesp.br/2198).

A parceria com o professor Crespilho revelou-se tão profícua que resultou na criação de uma segunda startup, a Biolinker Diagnóstica, voltada ao desenvolvimento de testes de 20 doenças, com foco inicial em COVID-19, dengue, febre chikungunya, zika e gripe.

"A Biolinker Diagnóstica será voltada para o consumidor final e terá foco em desenvolver testes a partir das nossas plataformas tecnológicas. A Biolinker, por outro lado, não terá foco na produção dos testes e sim na produção de moléculas para outras empresas”, explica Oliveira.

O investimento feito por Bloisi na startup, cujo valor não é revelado, será usado para expandir a capacidade de desenvolvimento e produção na nova sede da empresa, situada no parque industrial de Cotia, na Grande São Paulo.

Além do investimento, o executivo fará parte do conselho administrativo da empresa. E, antes do investimento, Bloisi realizou mentorias de acompanhamento do crescimento e gestão.

“A mentoria nos ajudou muito a avaliar melhor os riscos e resultados e a estruturar melhor nossa equipe", afirma Oliveira.
 

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